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Reitoria propõe e Consuni aprova o ensino híbrido na UFJ em 2022


FOTO: DIVULGAÇÃO

Sem um debate ampliado com a comunidade acadêmica, o Conselho Universitário (Consuni) aprovou, na quarta-feira (15), por 16 votos a 4, o ensino híbrido na Universidade Federal de Jataí (UFJ), localizada em Goiás. Essa modalidade de ensino combina aulas presenciais no formato tradicional com o ensino remoto de emergência em um ambiente virtual.

Essa foi a primeira reunião presencial do Consuni desde o início da pandemia e, na pauta, diversos temas de amplo interesse da comunidade acadêmica foram abordados. Em deles foi a proposta de resolução para a implantação do ensino híbrido com vigência a partir de março de 2022. (2º semestre de 2021).

Segundo Helga Martins de Paula, presidenta da Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Goiás, Campus Avançado de Jataí (AdCAJ) e professora do curso de Direito da UFJ, a reitoria apresentou a proposta próximo a reunião do conselho e não houve tempo suficiente para ampliar o debate com a comunidade acadêmica. “Essa minuta chegou aos e-mails das chefias de unidade e dos membros da Câmara de Graduação há uma semana e meia. Em seguida, realizamos uma assembleia da Adcaj e grande parte dos filiados e filiadas presentes falaram que a pauta ainda não havia sido discutida em seus cursos. Portanto, não houve tempo hábil para a discussão e para termos um posicionamento mais coeso. Além disso, pautaram o tema no final do ano, próximo ao recesso”, criticou a docente.

A presidenta da seção explicou que o ensino híbrido não tem regulamentação do Ministério da Educação (MEC) e que a universidade não tem condições estruturais para receber as e os estudantes em sala de aula. “O hibridismo é o pior dos cenários pois traz lacunas profundas que expressam o aligeiramento do processo educacional de ensino e aprofunda as desigualdades e, ainda, gera sobrecarga aos professores e professoras. As salas de aula têm capacidade de receber apenas 15 estudantes, respeitando o distanciamento de 1,5m. No curso de Direito, por exemplo, temos turmas com 60 estudantes, o que seria inviável. Nós não temos estrutura adequada para recepcionar as e os estudantes de forma segura”, alertou.

Ademais, o ensino híbrido dependerá de condições estruturais, segundo Helga, como equipamentos, energia e conectividade, que ainda são precárias em grande parte das instalações da UFJ, sobretudo no campus Jatobá. Outro fator preocupante é que em muitos cursos há apenas um docente apto/a para ministrar determinadas disciplinas, e, caso esteja em trabalho remoto, tanto a modalidade presencial como o ensino híbrido estarão comprometidos.

A docente ressalta também que o ensino híbrido trará uma precarização das condições de trabalho e estudo, a naturalização de um ensino rebaixado e a hierarquização entre estudantes, pois muitos não terão condições de acompanhar as aulas, o que poderá resultar em evasão.

Ainda na reunião do Consuni, membros da Reitoria defenderam a retirada da possibilidade do ensino remoto emergencial (ERE) nos casos em que as modalidades presencial e híbrida não forem viáveis ou pedagogicamente mais adequadas. Para Helga, a medida apresentada pela reitoria e aprovada no Cosuni representa um retrocesso. “Entendemos que o ERE foi uma necessidade em um contexto pandêmico, mas que não deve ser naturalizado a ponto de abrirmos para uma EAD enquanto projeto permanente pois esse é um projeto do Capital para a Educação. Mas, ao mesmo tempo, a luta pelo retorno presencial deve observar as condições sanitárias necessárias e a necessidade de condições materiais. Por isso, é primordial que essa luta esteja atrelada a luta contra os cortes na Educação e pela revogação da Emenda Constitucional (EC) 95/16, do Tetos de Gastos, e pelo retorno dos recursos públicos às universidades públicas para ter viabilidade de uma educação pública e de qualidade”, finalizou.


Fonte: ANDES-SN

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