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Nota sobre a criminalização das lutas sociais sobre as mulheres lutadoras em territórios minerados

Nota FLAMa-MG sobre a criminalização das lutas sociais sobre as mulheres lutadoras em territórios minerados

No tempo presente as repressões e a criminalização das lutas sociais e sobre os lutadores e lutadoras tem se agravado. Essa é uma consequência da ofensiva do capital e de seus representantes sobre a classe trabalhadora. Nos territórios minerados essa tem sido uma realidade constante e expressa os interesses antagônicos entre as mineradoras e as comunidades direta e indiretamente atingidas pelo processo produtivo e pelos rompimentos criminosos.


Essas repressões e criminalizações incidem fortemente sobre as mulheres lutadoras sociais. São mães, esposas, irmãs, filhas que se põem na luta e resistência, mas que são expostas e submetidas a situações de machismo, sexismo e racismo por parte das mineradoras e suas equipes de trabalho que atuam nos processos de reparação, e também por parte do poder policial que intervém nas atividades de denúncia e resistência protagonizadas pelas comunidades e por estas mulheres.


O acirramento entre diferentes visões de mundo foi agravado pela pandemia. A situação das mulheres trabalhadoras e das mulheres lutadoras sociais que historicamente já não era boa em muito foi agravado a partir de 2020 com a situação de calamidade sanitária causada pela COVID-19. A situação de desemprego, de trabalhadoras mal remuneradas, de mães solo, de mulheres com baixa escolaridade, pobres e negras vai conformando o perfil hegemônico da classe trabalhadora brasileira.


No entanto, as mulheres não têm se calado, pelo contrário, as mulheres têm assumido o protagonismo das lutas. Elas tem dito não aos desmandos das mineradoras, tem questionado o poder público, tem pressionado os representantes governamentais, tem apontado as demandas legítimas das comunidades, tem realizado denúncias. E por isso são cada dia mais atacadas, desrespeitadas e tem suas vidas colocadas em risco por parte de todo esse contexto repressivo e criminalizante.


Essa conformação das lutas protagonizadas pelas mulheres nos territórios minerados nos remete à data de 08 de março, o Dia Internacional da Mulher. Essa data demarca a secular organização e resistência das mulheres trabalhadoras frente às opressões e à exploração da sua força de trabalho. A cada ano a organização de atividades que demarcam o real significado do 8M tem ganhado força e mais amplitude, tem agregado mais mulheres, tem avançado nas pautas, reivindicações e denúncias.


Na região de Ouro Preto, Mariana e Itabira estão previstas atividades de debate, interventivas acerca do que é ser mulher pertencente à classe trabalhadora, acerca do que é ser mulher lutadora social, acerca dos desafios para a garantia de direitos, acerca da necessária superação das opressões e violências advindas do machismo e do racismo, e especialmente acerca da valorização e garantia da vida das mulheres e contra qualquer forma de criminalização e perseguição.


As violências decorrentes dessa forma de sociabilidade opressora e exploratória não calarão as mulheres! As mulheres não se calarão diante de ataques virtuais protagonizados por perfis fakes que pregam o ódio, a intolerância, o machismo e o sexismo. As mulheres não se calarão diante da repressão do poder público, especialmente o policial, que criminaliza quem luta e resiste ao invés de atuar sobre os verdadeiros responsáveis pelos crimes contra a vida, o meio ambiente e o bem comum das comunidades atingidas pela mineração.


A FLAMa compreende que sob os marcos do capitalismo e do poderio das mineradoras não haverá igualdade de direitos, de respeito e garantia da vida das mulheres. Se coloca na luta e a disposição para as resistências e articulações necessárias à construção de uma sociedade livre de exploração e opressões! Pela vida das mulheres!



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