A escalada da violência e a intolerância política tem sido uma tônica na atual conjuntura, com proliferação de fake news e ataques violentos organizados por grupos ligados à extrema-direita. Como denunciado em nota da diretoria nacional, Não toleraremos o ódio e a violência, “o ódio e as práticas fascistas invadem as universidades e colocam em risco a vida de docentes, discentes, de técnico(a)s-administrativo(a)s/universitários e do(a)s trabalhadore(a)s terceirizado(a)s”.
Inúmeros fatos têm sido denunciados, de ameaças que vão de agressões verbais, físicas e até mesmo casos de morte, inclusive com repercussão internacional como o caso do artista baiano Moa do Katendê, morto por motivações políticas, no dia 6 de outubro. De acordo com levantamento do jornal El País Brasil, já são mais de 50 casos de ações violentas contra quem manifesta posição contrária ao candidato da extrema-direita. Esses casos são tão graves que a OAB e a Defensoria Pública de alguns estados criaram uma plataforma de combate à intolerância política. As violências, física e simbólica, têm se espalhado pelo país, nas fábricas e nas universidades, no campo e nas cidades.
Compreendemos que a mão que picha muros de igrejas e paredes de instituições de ensino com símbolos da suástica, imagem ligada diretamente ao nazismo, é a mesma que tem manifestado toda intolerância e preconceito nos muros do país, com mensagens de ódio a gays, lésbicas, transexuais, travestis, negro(a)s, indígenas, nordestino(a)s. As Universidades têm sido um grande alvo, colocando em risco o ambiente de debates democráticos que, em regra, sempre permeou o ambiente universitário.
Tais ações visam intimidar o(a)s trabalhadore(a)s, estudantes e movimentos sociais; de um lado, amedrontar quem defende um projeto diferente do fascismo, as liberdades democráticas; por outro lado, fragilizar a resistência aos possíveis ataques ultraliberais, como: (a) aplicação da Emenda Constitucional 95/2016 (congelamento de recursos à saúde, à educação e às políticas sociais por 20 anos); (b) demissão de servidore(a)s público(a)s (que agrava ainda mais os problemas no serviço público); (c) entrega do patrimônio nacional; (d) reforma trabalhista; (e) reforma da previdência; dentro outros ataques.
Dessa forma, a materialização de um projeto que visa mais ataques à(o)s trabalhadore(a)s, um controle maior dos corpos e da moral e ataques às liberdades democráticas têm colocado em risco a vida de diverso(a)s militantes e sujeitos sociais. No dia 15 de outubro, um professor do IFAL (Instituto Federal de Alagoas) sofreu uma tentativa de atropelamento por eleitores do candidato da extrema-direita. No dia 16 de outubro, em São Paulo, uma travesti foi morta a facadas por um grupo de cinco homens que gritavam palavras em apologia a esse mesmo candidato. Várias seções sindicais têm sofrido violentos ataques de simpatizantes da extrema-direita por debater os perigos que a democracia corre no atual cenário político. Na UFPR, o poder judiciário tentou impedir a realização de um debate sobre fascismo organizado pelo DCE da respectiva Universidade.
A barbárie só pode ser combatida com a máxima unidade, constituindo frentes antifascistas e pautando uma agenda de defesa ampla das liberdades e dos direitos. Por isso tudo, neste segundo turno das eleições gerais do Brasil, não podemos titubear sobre nossa posição histórica contra o fascismo e as opressões. É necessário que possamos nos posicionar contra o projeto de governo que ataca a educação pública, a saúde pública, os direitos do(a)s trabalhadore(a)s e as liberdades democráticas.
Nossa negação ao projeto fascista não significa adesão a nenhum outro projeto que ora se apresenta como alternativa nas urnas, mas sim a compreensão de que os projetos eleitorais em disputa representam patamares diferentes da luta de classes e o que nesse momento está em jogo é nossa possibilidade ou não de continuar, nas ruas, lutando pelos direitos do(a)s trabalhadore(a)s.
O ANDES-SN reafirma a sua luta histórica contra o projeto fascista e de extrema direita, o projeto ultraliberal e as ações de ódio que estão sendo difundidas pelo Brasil. Este sindicato se integra às frentes antifascistas suprapartidárias, criadas nos estados e nas instituições públicas de ensino superior, e se posiciona contra o voto nulo e em branco no segundo turno das eleições, indicando a participação ativa nos atos e mobilizações em defesa da democracia e contra o fascismo, bem como nas atividades do movimento #EleNão.
O ANDES-SN convoca todas as suas seções sindicais a fortalecerem - nas urnas e nas ruas - essas lutas, para assim derrotar o fascismo que tem se expressado na vida cotidiana.
Contra as ações e os discursos de ódio!
Contra o fascismo!
Pelas liberdades democráticas!
Por nenhum direito a menos!
Não ao capacitismo!
Não à misoginia!
Não ao racismo!
Não à lgbtfobia!
Contra qualquer forma de preconceito e intolerância!