O Fórum das ADs – composto por representações das quatro universidades estaduais da Bahia - reuniu-se novamente com o governo na segunda-feira (26) para discutir os termos da última proposta apresentada, pelo Executivo baiano, durante a paralisação docente, ocorrida em 19 de agosto. Nesso último encontro, o governo, tensionado pelo movimento docente, apontou uma nova proposta de três parcelas de 5,7% pagas em janeiro de 2025, janeiro de 2026 e dezembro de 2026.
A proposta está abaixo do reivindicado pela categoria docente de reposição da inflação mais 4,5% de ganho real. E fica também, aquém, da perda acumulada pelos e pelas docentes de 35%, desde 2015.
Os representantes do governo informaram que chegaram ao índice de 5,7%, acrescendo 1,2% ao teto da meta para a inflação estipulada pelo Comitê Monetário Nacional, que é 4,5%, mas que não está implícito nenhum tipo de gatilho caso a inflação ultrapasse este teto.
Os cálculos feitos pelo movimento docente evidenciam que esse reajuste significa para a categoria um ganho real de 1,15% ao ano, somando somente 3,5% em três anos se a previsão inflacionária for a referência do teto da meta. Ainda de acordo com a apuração do movimento docente, se a inflação dos anos de 2024 a 2026 ficar dentro das previsões do último Boletim Focus, a nova proposta representa apenas 5,2% de ganho real entre 2025 e 2027, ou seja, 1,7% ao ano de ganho real.
“Além de muito pouco, é uma proposta desrespeitosa. Para quem está há 9 anos com perdas acumuladas em 35%, a proposta de reajuste de 1,7% ao ano é lamentável. O governo quer pagar três parcelas em dois anos, mas incluir a inflação de três anos. Isso, na prática, congela o nosso salário durante todo o ano de 2027. Ele quer tirar da gente a inflação de 2027.” explica Marcelo Lins, coordenador do Fórum das ADs e presidente da Associação de Docentes da Universidade de Santa Cruz (Adusc Seção Sindical do ANDES-SN).
Entre quinta e sexta-feira (29 e 30) a categoria se reunirá em assembleias docentes das quatro universidades estaduais baianas – Uesc, Uneb, Uesb e Uefs - para avaliar a nova proposta. Está também na pauta das assembleias o indicativo do Fórum das ADs de paralisação no dia 11 de setembro, data da próxima reunião de negociação com o governo estadual.
“A nossa disposição desde sempre foi de negociar, mas o que está sendo imposto pelo governo são condicionantes que desrespeitam e desvalorizam a nossa categoria. Desde sempre a pergunta que nós temos feito ao governador Jerônimo é se vai ter greve ou não. Com as propostas colocadas em mesa até agora o que está posto é que o governador está nos empurrando para a greve. O que a gente espera de um governador, que também é professor de uma universidade estadual e deveria saber a importância dessas instituições e da nossa categoria para o Estado, é uma proposta razoável. Caso a proposta não mude, não excluímos a possibilidade de discutir deflagração da greve nas próximas assembleias”, explicou Lins.
Entenda o histórico
Desde o mês de abril, o Fórum das ADs tenta negociar com o governo do estado um plano de recomposição salarial. O governo só cedeu à mesa de negociação após a decisão das assembleias docentes pelo indicativo de greve, aprovado em junho. A negociação sobre o plano de recomposição salarial das professoras e dos professores estaduais está, nesse momento, no quarto ciclo de discussão.
A última rodada das assembleias docentes aprovou a contraproposta de reajustes anuais de 4,5% mais a inflação do ano anterior para os próximos três anos, tendo como data-base janeiro. Essa proposta se baseou em estudo próprio sobre os ganhos no período 2007 a 2014, além de estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A alteração expressa nessa contraproposta mostra a disposição do movimento em não travar a negociação. O Dieese comprovou que, para repor as perdas acumuladas desde 2015 e as inflações previstas para 2024, 2025 e 2026, o reajuste total deveria ser de 14,67% a cada ano.
*Fonte: Fórum das ADs, com edição do ANDES-SN