Na tarde dessa quarta-feira (08), docentes da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) realizaram a maior assembleia geral presencial da história da categoria em Belo Horizonte (MG). Professores e professoras de diversas unidades acadêmicas da Uemg, da capital e do interior, estiveram na praça da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para deliberar sobre o movimento grevista e os próximos encaminhamentos. Foi aprovada a continuidade da paralisação, iniciada em 2 de maio.
“Docentes da Uemg de diversas regiões do estado de Minas Gerais deflagraram uma greve a partir do dia 2 de maio, cobrando o cumprimento do acordo da greve de 2016, homologado na justiça a partir de 2018. Nós lutamos também pela recomposição salarial, pela recomposição orçamentária - o governo Zema cortou 10% do orçamento da Uemg, que já é um dos menores das universidades estaduais do Brasil”, explicou Túlio Lopes, presidente da Associação de Docentes da Uemg – Seção Sindical do ANDES-SN.
“Também lutamos por nenhum direito a menos, o governo vem sistematicamente retirando direito do corpo docente da universidade. A categoria docente da Uemg está em greve por tempo indeterminado e conta com o apoio dos estudantes e dos técnicos administrativos e analistas da nossa universidade. Viva a Universidade do Estado de Minas Gerais, patrimônio do povo trabalhador de Minas Gerais. Fora, Zema!”, acrescentou Lopes.
Ainda pela manhã, a categoria docente participou de um grande ato unificado da Frente Mineira em Defesa dos Serviços Públicos, cujo protesto foi contra a proposta rebaixada de reajuste do governo ao funcionalismo público, de apenas 3,62% - o que não repõe nem as perdas inflacionárias de 2023 e 2024 -, e demais ataques do governo Romeu Zema (Novo), como o aumento da alíquota e teto da contribuição do IPSEMG, entre outros.
Na oportunidade, os e as docentes, organizados pela Aduemg Seção Sindical do ANDES-SN, protestaram pela falta de negociações por parte do governo, chamaram a atenção para as condições da universidade e cobraram o cumprimento do acordo homologado pela Justiça em 2018, fruto da greve de 2016. Também estenderam uma faixa de 30 metros com os dizeres "UEMG em GREVE", que se destacou nas ruas próximas à ALMG. Estudantes, técnicos, técnicas da Uemg e docentes da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) também participaram do protesto.
As servidoras e servidores presentes na manifestação repudiaram também a fala do governador sobre servidoras e servidores. Em entrevista à rádio Jovem Pan, Zema afirmou que o funcionalismo é uma casta privilegiada e disse que quem não estivesse satisfeito com a remuneração deveria abandonar o serviço público.
“Viemos aqui denunciar o desmonte do estado e dos serviços públicos de minas gerais. O governador Romeu Zema fez uma fala criminosa ontem em entrevista à rádio Jovem Pan e nós estamos aqui, em peso, todo o funcionalismo público mineiro repudiando essa fala. O governador disse que somos ‘casta’ de privilegiados. Nós não somos ‘casta’ de privilegiados. Nós somos servidores públicos e prestamos serviço de qualidade a essa população. Nós não vamos abandonar o serviço público. Nós somos compromissados com o serviço público, diferente do governador que quer sucatear os serviços prestados à população. Nós estamos aqui resistindo. A Uemg resiste!”, afirmou Camila Moura, vice-presidenta da Aduemg SSind.
Assembleia histórica
Após o ato unificado do funcionalismo mineiro, as professoras e os professores dos diversos campi da Uemg participaram da assembleia presencial, na ALMG. Representantes da diretoria da Aduemg SSind. e do comando local de greve apresentaram relatos sobre as reuniões com a Secretaria de Planejamento do governo e a reitoria da Uemg, ocorridas nos dias 6 e 7 respectivamente.
Após os informes, ocorreram as intervenções dos e das participantes da plenária. Em todas as falas, ficaram evidentes a necessidade de continuar a luta contra essa postura do governo estadual, contra a precarização do trabalho docente e contra os cortes do orçamento da Uemg. Destacaram também o crescimento e o fortalecimento do movimento grevista, e o importante apoio do movimento estudantil da universidade. Ao fim das intervenções, a assembleia votou e aprovou a continuidade da greve por tempo indeterminado até próximo encontro.
Além de outras deliberações, foi aprovado o calendário de lutas para as próximas semanas:
09 a 15 de maio de 2024 – Plenárias e atividades locais.
09 de maio - Dia Nacional de Lutas em defesa das Universidades e Institutos Federais, e Cefets - 15 horas - Belo Horizonte.
10/05/2024 – Sexta-feira. Plenárias locais, atos e manifestações.13 de maio - Bom dia Zema! Manifestação em BH.
16 de maio - Assembleia Geral de Docentes da UEMG - Híbrida.
20 a 24/05 – Semana de Mobilização do ANDES-SN.24 de maio - Assembleia Geral de Docentes da UEMG, presencial em Passos, no mesmo dia do ato estadual dos servidores públicos estaduais na mesma cidade.
Fonte: ANDES-SN * com informações da Aduemg SSind.