Uma delegação composta por representantes da diretoria do ANDES-SN participou nos dias 30 de junho e 01 de julho do Congresso Internacional de Universidades Públicas (Ciup2022), em Córdoba, na Argentina. No dia anterior ao evento, diretoras e diretores se reuniram com a diretoria do Sindicato de Docentes da Universidade Nacional de Córdoba.
A participação na atividade atende a uma deliberação do 40º Congresso do ANDES-SN, realizado em março deste ano, que indicou que o Sindicato Nacional reforçará a luta unificada com setores de educação e trabalhadores de outros países, com objetivo de fortalecer os serviços públicos e a educação pública, além de organizar mais dois seminários internacionais.
O encontro foi um espaço de debate e intercâmbio sobre as políticas, ações e rumos da Educação Superior nos próximos anos e teve como temática “Integração, Inovação e Agenda 2030”. O congresso foi organizado pela Universidade Nacional de Córdoba, em parceria com o Ministério de Educação da Argentina e Conselho Interuniversitário Nacional.
A Agenda 2030 da ONU é um plano global que indica 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS, e 169 metas, para erradicar a pobreza e promover vida digna para todos, dentro dos limites do planeta até 2030. O quarto objetivo de desenvolvimento sustentável se refere à Educação e visa “Garantir o acesso à educação inclusiva, de qualidade e equitativa, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”.
Um dos resultados do Ciup2022 foi a proposta, apresentada pelas universidades pública da América Latina e Caribe, de criação de um organismo para compartilhar conhecimentos e pesquisas a serviço da sociedade, partindo da compreensão da educação superior como um direito humano e um bem público.
De acordo com Neila de Souza, 1ª vice-presidenta da regional Planalto do ANDES-SN e da coordenação do grupo de trabalho de Política Educacional da entidade, o evento reuniu dirigentes (reitores e pró-reitores), docentes, estudantes, pesquisadores, pesquisadoras, principalmente da América Latina, mas também de outras regiões. E, embora fosse organizado pelo governo e por dirigentes de instituições, contou, ainda, com a participação de representantes de entidades sindicais e movimentos sociais de diversos países.
Do Brasil, além do ANDES-SN, também se presente a Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra). O ANDES-SN esteve representado por Neila de Souza, Sâmbara Ribeiro e Cláudio Mendonça, da coordenação do GTPE do Sindicato Nacional, e por Osvaldo Coggiola, encarregado de Assuntos Internacionais da entidade.
A diretora do ANDES-SN contou que diversos debates abordaram a relação entre Estado, Universidades e Sociedade. “Um tema recorrente foi a Educação como um direito humano e o conhecimento como bem público, gratuito e acessível a todos”, acrescentou. Ela destacou que, nessa perspectiva de inclusão, também estiveram presentes representantes de nações e povos indígenas, apresentando questões que afetam diretamente suas comunidades.
Neila comentou que a questão do financiamento e seu atrelamento às políticas de governo e não de Estado, foi apontada como problemática, com a proposta de criação de um fundo de financiamento. “Apesar de ter a Educação como direito, o que ficou muito forte em todos os debates, também foi colocada justamente a questão de criar um fundo milionário para desenvolver projetos para além dos governos. Seria então um fundo para desenvolvimento das universidades, para criar agências regionais para financiar pesquisa e desenvolvimento, para não ficar atrelado aos governos”, explicou.
Ainda conforme a coordenadora do GTPE do ANDES-SN, algumas e alguns dirigentes ressaltaram em suas falas que, para pensar as novas possibilidades e mudanças nas universidades públicas, era fundamental a participação de docentes e estudantes no diálogo e elaboração de propostas.
“Outra temática que esteve muito presente é a questão de como se aproveitar as tecnologias existentes e as possibilidades que apontam, incluindo o ensino a distância”, disse.
Segundo Neila, o acúmulo do debate nos dois dias de Congresso será apresentado e debatido na reunião do GTPE e outros espaços do Sindicato Nacional. “Foi também uma oportunidade de reafirmar, perante outras entidades que debatem a universidade pública, os princípios defendidos pelo ANDES-SN em seu Caderno 02, de uma universidade pública, gratuita e de qualidade socialmente referenciada”, acrescentou.
Córdoba e a reforma universitária A Universidade Nacional de Córdoba foi palco, a pouco mais de 100 anos, de uma revolta do movimento estudantil, com apoio da classe trabalhadora, que resultou na chamada reforma de Córdoba. O movimento e seu saldo são considerados um marco na história das universidades latino-americanas por ser pioneira na construção de um modelo institucional que atribuiu uma identidade e um modelo de atuação renovado no ensino superior.
As mudanças promovidas pela reforma são base, até hoje, para os movimentos que defendem a universidade pública na América Latina. Em 2018, no centenário da Reforma, o ANDES-SN realizou, na cidade de Salvador (BA), seu 37º Congresso, com o tema “Em defesa da educação pública e dos direitos da classe trabalhadora. 100 anos da Reforma Universitária de Córdoba”.
Também publicou, em 2019, uma edição da revista Universidade e Sociedade dedicada à temática "A Reforma de Córdoba: permanências e rupturas nas lutas pela educação pública e gratuita". Leia aqui.
Fonte: ANDES-SN