Hoje, dia 5 de novembro, completam-se nove anos desde o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), um dos maiores desastres ambientais e sociais do Brasil. Em 2015, a barragem controlada pela mineradora Samarco (Vale e BHP Billiton) colapsou, liberando cerca de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, devastando a Bacia do Rio Doce e causando impactos profundos e duradouros.
O rompimento afetou mais de 2,5 milhões de pessoas e resultou na contaminação de aproximadamente 684 km do curso do Rio Doce, atingindo o litoral dos estados do Espírito Santo e da Bahia. Além de deixar milhares de desabrigados, a tragédia provocou 19 mortes diretas. Segundo levantamento realizado pela Cáritas, somando vítimas de outras comunidades afetadas no município, além de Bento Rodrigues, 118 pessoas perderam a vida sem terem sido devidamente reparadas.
As audiências sobre o crime da Samarco foram realizadas em outubro deste ano e geraram manifestações em diferentes localidades, incluindo um protesto em Londres, onde brasileiros levantaram cartazes e usaram camisetas com fotos das vítimas. O ato foi liderado por representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e moradores de municípios afetados, como Mariana, Ouro Preto, Barra Longa, Ipatinga e Governador Valadares, reivindicando justiça para os atingidos.
Nesta terça-feira, 05 de novembro, o MAB realizará um ato em Mariana para marcar os nove anos do crime. A programação se inicia às 9h com uma cerimônia simbólica em Bento Rodrigues, vilarejo destruído pela lama. Simultaneamente, haverá uma plenária na Arena Mariana para debater o novo acordo de reparação assinado recentemente entre governos, mineradoras e instituições de Justiça, buscando corrigir as falhas no processo de reparação.
Às 14h30, uma marcha tomará as ruas de Mariana, com concentração no Centro de Convenções. O encerramento ocorrerá na Praça Minas Gerais, às 16h30, simbolizando a resistência e a determinação das comunidades em busca de avanços no acordo.
A repactuação do acordo de reparação foi um passo recente, mas as comunidades atingidas apontam que questões fundamentais ainda precisam de atenção. Entre as demandas estão indenizações individuais, consideradas insuficientes, e a inclusão de áreas afetadas, como partes do litoral capixaba e sul baiano, que não foram reconhecidas no acordo.
Este evento marca um momento crucial para fortalecer a luta em defesa dos atingidos e garantir que a reparação seja ampliada, abrangendo todas as vítimas da tragédia. O MAB reitera que, nove anos depois, a busca por justiça e recuperação ambiental ainda está em aberto, refletindo as profundas feridas deixadas pelo rompimento da barragem de Fundão.
Movimentos como o MAB, o Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM), a Frente Mineira de Luta das Atingidas e dos Atingidos pela Mineração ( FLAMa-MG), dentre outros, continuam a lutar por justiça.
Com informações: Cáritas, MAB, Brasil de Fato