20 de novembro: Dia da Consciência Negra
De Marighella a Dandara
De Marielle a Zumbi
Igor Mendes e Carabina
Um povo a resistir!
Por quê Novembro negro?
Por quê dia da consciência negra?
O dia da consciência negra, assim como todo mês de novembro, representa um marco fundamental para a história do movimento negro, porque explicita todo o processo de conquista das lutas para a valorização e fortalecimento da cultura e preservação da nossa História. História essa marcada pela cultura e opulência do sistema escravista colonial, que maculou a imagem do homem negro e da mulher negra como seres marginalizados da vida em sociedade. Esta marca da escravização, que carregamos até os nossos dias, nos obriga a pensar sobre nossa condição de Ser no mundo. Desse modo, falar de consciência negra não significa apenas tratar de todo processo de reparação histórica vivida pela população negra, significa também construir os pilares de uma sociedade mais justa, humana, igualitária e que saiba reconhecer no outro os valores de sua tradição. Esse trabalho não será possível se e somente se não iniciarmos pelo processo da formação humana. Essa formação tem sua raiz fincada no processo educacional dos seres humanos, é nesse sentido que educar (educere) significa extrair do outro aquilo que lhe é mais essencial, sua humanidade. Assim, uma educação que valorize as questões étnico-raciais na realidade escolar deve carregar em si o potencial imanente que representou e representa a luta do povo negro para sua libertação. É por e nesse processo que as causas da cultura negra, africana e indígena adentraram ao cenário educacional a partir das leis 10.639/03 e 11.654/08. A luta do povo negro representa, portanto, esse processo de maturação de uma consciência que se colocou como vanguarda na análise crítica: do racismo brasileiro; da lógica discursiva e ideológica da democracia racial; da valorização dos costumes e da ancestralidade negra; da educação das diferenças; enfim, da valorização da condição humana do ser negro/negra em nossa realidade. Em uma análise recente que realizamos sobre a condição do negro/negra na universidade destacamos a seguinte proposição: “O desafio posto à universidade para discursar sobre a questão da diversidade, se coloca primeiramente em compreender os métodos e processos balizadores da produção identitária da realidade dos negras e negras no Brasil além da sua interface com as teorias educacionais contemporâneas, que se apresentam como fomentadoras do discurso da diversidade. Dessa forma, não é possível falar em equidade social se a própria organização do capitalismo, essa categoria é criadora das ambiguidades e das contradições sociais. Entretanto, para se pensar em um projeto político de participação popular no sentido de se conduzir à transformação do real, esta deve ser compreendida à luz da emancipação da classe em relação ao domínio dos sistemas de produção. Por sua vez, o que está materializado na realidade da classe é que o estranhamento e a alienação legitimam esse estado de inércia em que se encontra grande parte da classe trabalhadora”. “A condição do Negro no Brasil está perpassada por essa situação; somos negros devido às condições históricas pelas quais herdamos a tradição e a cultura de nossos ancestrais, não somos negros devido à imposição ideológica das políticas raciais que determinam a nossa condição raça devido a nossa situação econômica e social. Essa é a dívida que ainda não nos foi paga, por aqueles que determinam as políticas públicas de nosso país”. (Silva, Marcelo D. da Educação e a condição dos afrodescentes no Brasil: os desafios sobre o debate acerca do direito à diferença. In Nunes, César A. R e Polli, José R. Educação e Direitos Humanos Edições Brasil, Editora Fibra, Ed. Brasílica Jundiaí-SP 2019, p 377). Sobre essa análise é que convidamos os/as companheiros e companheiras a refletir sobre o novembro negro e o dia da consciência negra.
Prof. Dr. Marcelo Donizete da Silva
Diretor ADUFOP